1 de março de 2010

Um Presente Chamado Realidade I

(...)

- Mas achas que neste tempo todo não fomos felizes?
- Como é que alguém pode ser feliz querendo e desejando outra coisa?!... pergunta Mafalda soluçando entre lágrimas...

...
Conheceram-se numa dessas lojas multi facetadas. Um encontrão proporcionou-lhes a troca de um sorriso, dois pedidos de desculpa meio atrapalhados num misto de timidez e nervosismo...
Mafalda deixara cair o telemóvel que acabara por partir o visor. Ivo que responsabilizou-se de imediato pelo sucedido fez questão de arcar as consequências mesmo contra vontade de Mafalda.
- Tomemos um café. Rápido! O tempo de trocarmos os contactos para posteriormente poder pagar o estrago.
- Não! Foi um acidente. Não tem de se preocupar.
- Ivo. Ivo Miguel. Ivo reforçou a ideia do café ao apresentar-se. Um sorriso largo no rosto, um olhar intenso e penetrante, a determinação de quem não está habituado a ouvir respostas negativas.
- Obrigada! Mas não posso. Nem devo. Afinal foi apenas um acidente.  Mafalda sente-se mal e rejeita o convite. Não sorri e pela sua postura, Ivo sente-a incomodada.
- Nem o seu nome?!
- Acho que não é necessário. Aliás não tem de culpar-se por uma distracção. Os acidentes acontecem e eu até precisava de comprar um telefone novo, este já não estava grande coisa.
- Não me diga que o ecrã já estava partido...!?  Ivo insiste com Mafalda e esta sente-se cada vez mais perturbada com a abordagem do jovem.
- Desculpe-me, mas tenho de despachar-me. Não se preocupe com o telefone. Não há qualquer problema. Mafalda tenta a todo o custo esquivar-se da conversa e de Ivo.
- Claro. Tem todo o direito de querer ir embora como eu tenho todo o direito de querer pagar o arranjo do visor, nem que seja 50%, visto que foi um acidente, mas...
 Ivo retira do blaser negro uma caneta. Pega na mão de Mafalda e escreve-lhe os dígitos do seu contacto. Olha-a nos olhos sem largar a mão de Mafalda e pede-lhe para não esquecer. Mafalda sorri, agradece, e reafrima não haver necessidade para tanto alarido. Despede-se reservadamente e sai da loja num ápice.
Em volta, os funcionários e consumidores continuam as suas funções, mas para Ivo aquele momento fê-lo parar por breves instantes.



Terá Ivo visto algo mais que um visor partido? E Mafalda... terá esquecido aquele momento?

 
 

2 comentários:

gabrielle disse...

uma história que promete,
num espaço prometedor!!!

vou andar por aqui.

beijinhos, e boa continuação :D

soft_inblue disse...

Pelos vistos começou bem...mera casualidade...mas acabou mal...entre discussões..

Mas vou continuar atenta ao desenrolar da trama..hehe

Num primeiro impacto pareceu-me que Ivo se quis impor demasiado.